segunda-feira, 27 de julho de 2015

Abismo do querer

Ele viu aquele surfista que viajava pra onde queria e ainda surfava umas ondas e disse, sim, é assim que eu quero ser. No entanto notou que o que dizia querer não estava ressonando com aquilo que sentia e fazia. Suas crenças internas arraigadas não lhe permitiam sair fora da rotina que a vida que ele escolhera  lhe impunha. A razão para aquilo era que ele não acreditava que era possível viver intensamente e parar de trabalhar para se divertir com o próprio trabalho. Ele não via nisto uma realidade possível, levava tão a sério o que fazia que não podia nem pensar em estar se divertindo com isto. Notou que era como um peão no jogo do xadrez. Os peões são peças que estão na frente de batalha, ralam a cara logo de entrada e são os primeiros a levarem a pancada do inimigo.Ele se esforçava, ralava, trabalhava, mas no fim, só conseguia dinheiro para pagar as contas. Os reis e as rainhas não, ficam lá atras, sendo eles, só fazendo movimentos inteligentes e mínimos. Eles podem muito mais, mas sua inteligencia lhes diz que é melhor conservarem suas energias para uma jogada essencial e bem planejada. Reis e rainhas não saem fazendo o trabalho dos peões, não porque não possam, mas porque é arriscado e carregam sobre si a responsabilidade de manter o jogo funcionando. Depois de pensar nisto, ele descobriu que 90% da responsabilidade do que lhe acontecia em sua vida eram ditados pelo seu subconsciente e o resto vinha do seu raciocínio. As coisas que ele não dizia, mas pensava que no fundo fossem verdades é que regiam sua vida. esta foi uma sacada muito importante. Então o que ele tinha que fazer não era querer ser aquele surfista, era sentir que, no aqui e agora, podia ser quem ele quisesse, desde que aprendesse as regras deste jogo. Olhar pra dentro de si e revisar suas crenças mais profundas era imprescindível. Agir como um rei era uma obrigação. Autoconhecimento era mais do que parte do caminho, era destruir a cada dia a zona de conforto para ter um novo desafio.
Então testou a seguinte frase para ver como soava: "Eu quero ser milionário". Não conseguia sentir a consonância. Preocupava-se com os impostos que teria que pagar, com possíveis ataques, ladrões, sequestros, perdas, miséria...Mal se imaginara tendo tudo e ja havia perdido porque ao que parecia não era isto que queria. Mas era isto que parecia ser bom, ser sua melhor versão. Queria ter tudo e não se preocupar muito com nada ao mesmo tempo. Lembrou-se do skate e de que quisera um dia fazer uma determinada manobra. Seu amigo disse: Sinta que pode, e vai conseguir. Ele pensou, eu acho que posso...mas ainda não conseguia sentir. Tentou a primeira vez, caiu sem no entanto se machucar. Percebeu que sabia se defender do possível tombo. tentou pela segunda e conseguiu na terceira vez. Vibrou. Agora, disse-lhe o amigo. Você sabe que consegue. Repita isto incansavelmente até que se torne natural e que não se sinta envaidecido por ter feito tal manobra. repita muitas vezes para que sempre se lembre que pode fazer isto quando quiser e nas circunstancias que forem necessárias.
Ele lembrou que antes de conseguir fazer a tal manobra, ele se viu fazendo. Então veio outro insight. Imagem é tudo. deveria ver-se claramente tendo tudo o que desejara ter e ali estaria, logo a sua frente.
Desligou seu lap-top exatamente quatro horas depois que iniciou o trabalho da semana. Só trabalharia novamente, se é que é possivel dizer que escrever seus textos era trabalho, uma semana depois. Neste meio tempo curtiria as festas de lançamento de seu novo livro e as viagens que ele mesmo programara pelo mundo aproveitando o roteiro das editoras interessadas em seu mais novo best seller.